29 novembro 2011

O Pragmatismo constitui uma escola de filosofia estabecelecida no final do século XIX, com origem no Metaphisical Club, um grupo de especulação filosófica liderado pelo lógico Charles Sanders Peirce, pelo psicólogo William James e pelo jurista Oliver Wendell Holmes, Jr., congregando em seguida acadêmicos importantes dos Estados Unidos da América. Esta doutrina metafísica é caracterizada por considerar o sentido de uma ideia como correspondendo ao conjunto dos seus desdobramentos práticos. A questão que distingue o pragmatismo do pragmaticismo reside principalmente no entendimento dado a esta locução, "desdobramentos práticos". Segundo a máxima pragmática de Peirce, o sentido de todo símbolo ou conceito depende da totalidade das possibilidades de formação de condutas deliberadas a partir da crença na verdade deste conceito ou símbolo. Neste leque, incluem-se desde os efeitos mais prosaicos até as condutas mentais mais remotas. Neste aspecto, porque o pragmatismo daria relevância apenas às evidências empíricas e às práticas mais vantajosas para o sujeito individual, pode ser considerado uma doutrina filosófica menos exigente que o pragmaticismo. O pragmatismo se aproxima do sentido popular segundo o qual um sujeito "pragmático" é aquele que tem o hábito mental de reduzir o sentido dos fenômenos a avaliação de seus aspectos úteis, necessários, limitando a especulação aos efeitos práticos, de valor utilitário, do pensamento. (Peirce, aliás, justifica invenção do desajeitado termo "pragmaticismo" justamente como meio para tornar sua concepção de pragmatismo "feia demais para seus captores", ou seja, para evitar que também este conceito tivesse seu sentido psicologizado. Segundo ele, é o que haveria lamentalvelmente acontecido com o pragmatismo depois de saído do Metaphisical Club.)
Os seus representantes mais conhecidos são Charles Peirce e William James. A concepção de pragmatismo de James, por sua vez, serviu como base para o Instrumentalismo de John Dewey. A "Filosofia do Processo" (ou "Filosofia do Organismo") desenvolvida nos anos 30 e 40 por Alfred North Whitehead, mesmo sem contato direto com os Collected Papers peirceanos, mostra-se convergente com a cosmologia do pragmaticismo. Em ambos os casos, o universo é concebido como um agregado emergente de eventos e não mais, como na perspectiva filosófica moderna (inclusive a implícita à filosofia da linguagem iniciada por Wittgenstein), como uma coleção de fatos. Recentemente, esta convergência entre a filosofia do processo e o pragmaticismo foi explorada pelo filósofo holandês Guy Debrock. A partir delas, Debrock sintetiza o que ele chama de pragmatismo processual. Também recentemente, o projeto realista do pragmatismo foi reformulado por Richard Rorty.
Nas palavras de William James: "O método pragmatista é primariamente um método de terminar discussões metafísicas que de outro modo seriam intermináveis. O mundo é um ou muitos? Livre ou destinado? Material ou espiritual? Essas noções podem ou não trazer bem para o mundo, e suas disputas são intermináveis. O método pragmático nesse caso é tentar interpretar cada noção identificando-se as suas respectivas consequências práticas. Se nenhuma diferença prática puder ser identificada, então as alternativas significam praticamente a mesma coisa, e disputa é toda inútil.

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