Michelangelo nasceu em
Caprese, na
Toscana, o segundo de cinco filhos. Seu pai, Ludovico,
[1] quando residente em
Caprese, era um
magistrado. Michelangelo cresceu em
Florença e mais tarde viveu com um escultor e sua esposa na localidade florentina de
Settignano, onde seu pai tinha uma mina de
mármore e uma pequena fazenda.
Contra a vontade de seu pai, o
canhoto Michelangelo escolheu ser aprendiz de
Domenico Ghirlandaio por três anos começando em 1488. Também foi aprendiz, na escultura, de
Bertoldo di Giovanni. Impressionado com a técnica de Michelangelo, Ghirlandaio recomendou-o para Florença para estudar com
Lourenço de Médici. De 1490 a 1492, Michelangelo frequentou a escola de Lourenço e durante sua estada, seria influenciado por muitas pessoas proeminentes, e pela
filosofia platônica da época, que modificariam e expandiriam suas idéias na arte e ainda seus sentimentos sobre sexualidade.
Foi durante este período que Michelangelo criou dois relevos: a Batalha de Centauros e a Madonna da Escada. A primeira obra foi baseada em um tema sugerido por
Poliziano e encomendada por
Lourenço de Médici. Após sua morte, Michelangelo deixou a corte dos Medici. Nos meses seguintes, produziu um crucifixo de madeira para o pároco da Igreja de Santa Maria del Santo Spirito, que tinha o deixado estudar
anatomia a partir de alguns cadáveres do hospital da Igreja.
Pedro de Médici, filho mais velho de Lourenço de Médici, recusou-se a financiar o trabalho artístico de Michelangelo. Também nessa época, as idéias de
Savonarola tornaram-se populares em
Florença. Sob tais pressões, Michelangelo decide sair definitivamente de Florença e vai para
Bolonha por três anos. Logo depois, o Cardeal San Giorgio compra a obra de Michelangelo em mármore Cupido e decide chamá-lo a
Roma em 1496. Influenciado pela antiguidade de Roma, ele produz Baco e a Pietà. A Pietà foi uma encomenda do embaixador francês na
Santa Sé. Apesar de praticamente se dedicar à escultura, Michelangelo nunca deixou de desenhar, ele desenhava por prazer de segurar o lápis.
Com os Médici em Florença
A escultura de PietàEm
1513, o
Papa Júlio II morreu, e seu sucessor, o
Papa Leão X, um
Médici, pediu que Michelangelo reconstruísse o interior da Igreja de São Lourenço, em Florença, e a adornasse com esculturas. Michelangelo relutantemente aceitou, mas foi incapaz de terminar a tarefa (o exterior da igreja ainda não está adornado até hoje). Em 1526, os cidadãos de Florença, encorajados pelo
saque de Roma, expulsaram os
Médici e restauraram a república. Michelangelo voltou para sua amada Florença para ajudar a construir as fortificações da cidade de 1528 a 1529. A cidade caiu em
1530 e os
Médici voltaram ao poder.
Quando realizou
Pietà Michelangelo tinha 23 anos. Em função da pouca idade, muitos não acreditaram que fosse o autor. Juntando capacidades criadoras geniais a uma técnica perfeita. A dor de Maria sobre o corpo morto do filho foi representada com o abandono o realismo cruel típico em favor de uma visão idealizada. O artista toscano criou então a sua mais acabada e famosa escultura.
A Capela SistinaVer artigo principal:
Capela SistinaMichelangelo foi convocado novamente a Roma em 1503 pelo recém-designado
Papa Júlio II e foi comissionado para construir a tumba papal. Entretanto, durante a patronagem de Júlio II, Michelangelo tinha constantemente que interromper seu trabalho para fazer outras numerosas tarefas. Por essa e outras interrupções, Michelangelo trabalharia na tumba por quarenta anos sem nunca a terminar.
A mais famosa das tarefas foi a pintura monumental do teto da
Capela Sistina no
Vaticano, que levou quatro anos para ser feita (1508 – 1512). Michelangelo originalmente deveria pintar os 12 Apóstolos, mas protestou e pediu uma tarefa mais audaciosa: um esquema que representasse a Criação, a Queda do Homem e a Promessa da Salvação. O trabalho faz parte de uma decoração muito mais complexa que, em conjunto, representa toda a doutrina da
Igreja Católica.
A composição contém 300 figuras e se centra nos episódios do livro do
Genesis, divididos em três grupos: a Criação da Terra por Deus, a Criação da Humanidade e sua queda e, por fim, a Humanidade representada por
Noé. Entre os afrescos mais famosos estão: A Criação de Adão e Adão e Eva no Paraíso.
A Criação de Adão
O Fruto Proibido
O Juízo FinalDe novo em Roma
A pintura de O Juízo Final, na janela do Altar da capela Sistina foi comissionada pelo
Papa Paulo III, e Michelangelo trabalhou nela de 1534 a 1541. O trabalho é grandioso e toma uma parede inteira atrás do altar da
Capela Sistina. O Juízo Final é uma representação da segunda vinda de Cristo e do
apocalipse, quando as almas da humanidade seriam levadas a seu destino final e julgadas por Cristo, rodeado de santos.
Uma vez concluída, as representações de nudez na própria Capela foram consideradas obscenas e um sacrilégio. Após a morte de Michelangelo, decidiu-se obscurecer os órgãos, o que foi feito por um aprendiz de Michelangelo,
Daniele da Volterra. Quando o trabalho foi restaurado em 1993, decidiu-se deixar algumas das figuras ainda cobertas, como documentos históricos. A censura sempre perseguiu Michelangelo, que às vezes era chamado de "inventor delle porcherie" ("inventor das obscenidades").
Em 1547, Michelangelo foi apontado como arquiteto da
Basílica de São Pedro no
Vaticano. Anos mais tarde, em 18 de Fevereiro de 1564, Michelangelo morre, em casa, em Roma aos 88 anos de idade, solicitando em testamento que seu corpo fosse enterrado em Florença.
David de Michelangelo
David
Quatro anos mais tarde, Michelangelo retornou a
Florença, onde produziu seu mais famoso trabalho:
David.
A cidade, na época, estava mudando, após a queda de
Savonarola e a ascensão de
Pier Soderini. O David foi uma encomenda da Guilda de Lã da cidade. Era, originalmente, um trabalho incompleto, iniciado quarenta anos antes por
Agostino di Duccio. O David deveria ser o símbolo da liberdade de Florença e seria colocado na Piazza della Signoria, na frente do
Palazzo Vecchio. A obra foi concluída em 1504. Essa obra-prima, feita em
mármore de
Carrara, colocou-o definitivamente como um escultor de extraordinária técnica e habilidade. Na época, também pintou a Sagrada Família da Tribuna, agora na
Galeria Uffizi. Michelangelo era considerado um artista renascentista porque em todas suas obras, ele representava somente figuras do homem...
Legado
Michelangelo, muitas vezes arrogante com os outros e constantemente insatisfeito com ele mesmo, via a arte como originada da inspiração interna e da cultura. Via a natureza como uma inimiga que tinha de ser superada. Suas figuras são dinâmicas. Para ele, a missão do escultor era libertar as formas que estavam dentro da pedra. Conta-se que após Michelangelo ter executado sua estátua Moisés, bateu violentamente com o martelo no joelho da obra e gritou: Porque não falas? (Perché non parli).
Na vida pessoal, Michelangelo era abstêmio. Era indiferente à bebida e à comida. Era uma pessoa solitária e melancólica.
Para além da pintura e da escultura, Michelangelo deixou também cerca de trezentos poemas em italiano
vernáculo, que escreveu entre
1501 e
1560. Os seus poemas são marcados por uma forte carga
homoerótica. Porém, esta foi alterada na primeira edição da sua poesia, em
1623, publicada pelo seu sobrinho Michelangelo, o Jovem. Em
1893,
John Addington Symonds traduziu os poemas originais para inglês.
Fundamental para a arte de Michelangelo era sua paixão pela beleza masculina, que o atraía de modo emocional e estético. Era, em parte, uma expressão da idealização renascentista do corpo humano. Mas, para Michelangelo, há uma resposta única a essa estética.